A História que nos é ensinada nas escolas brasileiras seguiu um padrão
por muitos anos e acabou deixando rastros até a atualidade, onde apenas é vista
como uma história factual e datada sendo imposta aos estudantes, que encontram
dificuldades de ter uma percepção de análise crítica e buscar outras versões
históricas. Além de haver também uma criação de estereótipos em homens e
mulheres que participaram da construção da história nacional. Assim as escolas
tornam-se carentes do conhecimento histórico e não apresentam as várias facetas
da História do Brasil e de como ela foi escrita.
Mediante aos estudos e pesquisas, é possível analisar o papel
imigratório dentro da historiografia brasileira que vai além da força de
trabalho ao sincretismo na formação cultural do Brasil. Uns dos primeiros
intelectuais a escrever sobe a colônia foi Pero de Magalhães Gândavo que em
1576 publica a História da província de Santa Cruz que a vulgarmente
chamamos Brasil, porém seu relato no livro é visto com uma simples
propaganda da colônia, na qual enfatiza a vasta riqueza e beleza, já que no país
não havia uma identidade nacional sendo uma possessão da coroa portuguesa vista pelos
estrangeiros como uma terra desconhecida. Com a implantação da Companhia de
Jesus na colônia para impor o cristianismo à população indígena, diversos
jesuítas portugueses atraídos pelas diversidades da colônia escrevem suas
crônicas relatando a fauna e flora, o comportamento indígena diante da
conversão ao catolicismo, ou seja, relatando mais o contexto da natureza do que o
histórico como escreveu Gândavo.
A obra mais importante do religioso italiano |
No início do século XVII, foi escrita por um religioso brasileiro a
primeira obra intitulada de História do Brasil, Frei Vicente Salvador
nascido na Bahia, escreve uma História, na qual serviu de fontes para
outros intelectuais posteriormente. O autor recolheu uma série de fontes (orais
e escritas), escrevendo com naturalidade deu um tom simples e humorístico como
diz o Historiador Francisco Iglésias. Outro religioso que se destaca ao
escrever uma História no período colonial era o italiano João Antônio Andreoni
que se apresentava como André João
Antonil, que em 1711 escreve sua obra Cultura e opulência do Brasil por suas
drogas e minas relatando
funcionalidade dos engenhos de açúcar do recôncavo baiano (na qual ele
desempenhava um importante papel em uns do maiores engenhos da região), o
detalhamento e o que um engenho precisava para produzir uma quantidade
considerável de açúcar mas também instrui senhores de engenho a fazer fortunas.
Além de escrever sobre a economia local ele faz um parâmetro da sociedade que
vivia no período.
Dentre os autores que desenvolveram e relataram nossa historiografia
durante o século XIX, se encontra o inglês Robert Southey que escreveu a primeira História do Brasil
com real importância de estrutura, análise e estilo, sendo composta por um bom
plano de erudição. Outro inglês que
também obteve um grande destaque foi John Armitage em Londres, dois volumes do
livro: The History of Brazil, from the period of the arrival of the Braganza
Family in1808, to the abdication of Don Pedro the First in 1831.Compiled from
State documents and other original sources. Forming a continuation to Southey’s History of that
Country, no ano de 1836
usando de documentos públicos e outras fontes originais, foi sensitivo e
intuitivo, obtinha pouca formação acadêmica, não podendo ser considerado eruditos
tais escritos. Apesar de não tornar-se uma obra canônica dentro da
historiografia brasileira, Armitage despertou os letrados oitocentistas em
diversos aspectos.
Capa da Revista do IHGB na qual incentivava aos intelectuais a escreverem a história do Brasil |
A História do país era algo muito incerto no século XIX, pois há pouco
tempo se tornara independente de Portugal e passava pela construção de
identidade nacional (unificação vitoriosa de D. Pedro I em estabelecer o país
em unidade). Após a abdicação do imperador era preciso haver um
fortalecimento na identidade historiográfica do país, que estava em momentos
turbulentos nos primeiros anos regenciais, e foi durante a Regência que o
interesse pela historiografia do país começa a surgir com mais ânimo, em 1838
foi criado o Instituto Histórico Geográfico Brasileiro ou simplesmente
conhecido como IHGB, com o propósito de florescer o sentimento patriótico pela
a História do país moldando um Brasil mais intelectual. A Revista do IHGB
incentivava o gosto pelas pesquisas e muitos aspectos voltados para a História,
além de promover congressos e concursos onde os ''historiadores'' apresentassem
suas teses, se ramificando pelo país inteiro. O Instituto teve
o constante apoio do jovem imperador D.Pedro II que em muitas vezes presidia as
reuniões, com o propósito de incentivar as artes e ciências, o imperador
patrocinou muitos pesquisadores, que
analisavam a História do país usando fontes até então desconhecidas e assim
servindo de contribuição para a construção da historiografia do Brasil.
FONTES BIBLIOGRÁFICAS:
IGLÉSIAS,Francisco. Historiadores do Brasil: Capítulos de historiografia brasileira, ed. Nova fronteira, ed. UFMG,2000.ANTONIL, André João (João Antônio Andreoni), S.J. Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas, Edição organizada por Afonso de Taunay. São Paulo: Cia. Melhoramentos de São Paulo, 1923.
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