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quarta-feira, 19 de março de 2014

Aspirante a Imperatriz

"Mil tronos eu tivesse, mil tronos eu daria para libertar os escravos do Brasil" 
  Desde o início dos tempos o papel da mulher na História é desprezado, inferiorizando o gênero  feminino ou seja, a mulher deveria obter o papel de boa esposa e mãe zelosa e é no século XIX  que o papel feminino começa a  se tomar evidente em meio a uma sociedade patriarcal como é o caso do Brasil que há pouco tempo acabara de se consolidar como nação. Assim surge a figura de uma mulher, herdeira do trono imperial brasileiro, filha de um imperador intelectual e diplomático, considerado o pai da nação. A influência desta princesa iria mudar os rumos do império, sendo eles prosperidade a monarquia ou a queda do governo.
A jovem D. Isabel 
A Princesa Imperial Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Bourbon, nasceu no Palácio de São Cristóvão no Rio de Janeiro, capital do Império no dia 29 de julho de 1846. A princesa foi a segunda filha do imperador Pedro II e da imperatriz Tereza Cristina. Seu primeiro nome foi em homenagem a sua avó materna , a rainha viúva de Nápoles e o segundo em homenagem á sua mãe. Tornou-se a herdeira do trono, com a morte de seus dois irmãos durante a infância. 
A morte dos príncipes fez com que todos os cuidados se voltassem para a pequena Isabel, ficando sob os cuidados da baronesa de Sant' Anna. A princesa passou sua infância ao lado de sua irmã mais nova, a princesa Leopoldina,sua grande companheira. Com o propósito de preparar a princesa para exercer seu papel como imperatriz no futuro, D. Pedro II nomeia Luísa Margarida de Barros Portugal, a Condessa de Barral, para ficar a cargo da educação das princesas. A princesa nutria um grande interesse pelos estudos de ciência e química sob a influência de seu pai além de nutrir um profundo interesse pelas questões ligadas ao desenvolvimento da educação no país, especialmente a educação pública. Ao completar 14 anos, a princesa obedecendo a Constituição, prestou juramento de "manter a religião católica, observar a constituição política do país e ser obediente às leis e ao imperador''.


Fotografia do jovem
 casal, a princesa Isabel e Gastão,Conde d'Eu
No início de 1860 começaram os preparativos para que a princesa pudesse se casar, sob o auxílio de Francisca de Bragança, princesa de Joinville, que estava na França enviou ao Brasil os príncipes Gastão de Orléans, conde d'Eu e Luís Augusto de Saxe-Coburgo-Gota, sobrinhos-netos do rei Leopoldo I dos Belgas, para que ambos casassem com as princesas. A priori o imperador queria que a princesa se casasse com Luís Augusto e  Leopoldina com Gastão, porém assim que as princesas conheceram os príncipes cada uma havia se encantado pelo prometido da outra e logo pediram aos seus pais para que ocorresse uma troca. O desejo foi atendido tanto por D. Pedro II quanto D. Teresa Cristina, que acreditavam que os casamentos não deveriam ser feitos somente pelas questões dinásticas mas também pelos sentimentos, a cerimônia ocorreu semanas após o encontro entre o casal, suas personalidades se completavam, o conde d'Eu era um marido tradicional, porém a tratava da forma mais carinhosa possível, e a princesa jamais contestava a supremacia de seu marido, pois ela sabia o papel de uma mulher na sociedade.
  Nos primeiros anos de casamento a princesa passou por uma série de abortos, afetando sua pública. Na primeira regência a princesa entregou as rédeas ao visconde de Rio Branco, porém  em sua regência que os assuntos de cunho abolicionistas tomavam novos rumos como a promulgação em 1871 da Lei do Ventre Livre para que ocorresse uma maior antecipação do fim da escravidão, logo depois medidas foram tomadas como leis que proibissem o tráfico negreiro interprovincial e que escravos que possuíssem sessenta anos ou mais fossem libertos. Já em sua segunda regência, a princesa encontrava problemas por causa do ressurgimento da questão religiosa e a grande seca no nordeste, mas em sua terceira regência foi que de fato D. Isabel assumiu as rédeas políticas do Império, a causa da abolição da escravatura foi abraçada pela princesa por que ia contra o dogmas da Igreja Católica,  e logo após ao forçar a renúncia do barão de Cotegipe, presidente do conselho de ministros.
  A Lei Áurea foi sancionada pela princesa em 13 de maio de 1888, ocasionou na libertação de todos os escravos do Império do Brasil, e tal lei jamais deveria ser contestada, tal feito deveria levar o Império brasileiro para um outro patamar de evolução encontrou muitos obstáculos dentre os quais ocasionaram no golpe de 15 de novembro de 1889, pondo um fim na monarquia brasileira e instaurando a República. A família imperial teve de ser obrigada a ir para o exílio e acabaram por fim perdendo o comando do país. A princesa passou o resto dos seus dias cuidando educação de seus netos e sua dedicação a obras de caridade até sua morte em 1921.



FONTE BIBLIOGRÁFICA:
BARMAN, Roderick J. Princesa Isabel do Brasil: Gênero e poder no século xix. São Paulo: UNESP, 2005. 
_______. Revista de História da Biblioteca Nacional: Dossiê Princesa Isabel. As duas faces de uma princesa, Rio de Janeiro, ano 7, nº 80, p.18-21, maio 2012.
PRIORE, Mary Del. O Castelo de Papel. Rio de Janeiro: Rocco, 2013.



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