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sábado, 19 de abril de 2014

Conjuração Mineira - Tiradentes e o mito do herói da República: PARTE 1


No século XVIII a região das Minas Gerais era considerada da ''menina'' dos olhos do reino português devido a alta na extração do ouro, chegando a exigir muitos recursos no processo de mineração. 
 A mais importante das reuniões dos conjurados,
por Pedro Américo.
E Durante o reinado da Rainha Maria I, que os humores entre a metrópole e colônia ficaram exaltados, gerando conflitos e tomando maiores proporções. Com a economia exaustiva na qual se encontravam os colonos pela escassez de ouro que havia em algumas regiões podendo afetar a Coroa portuguesa, medidas foram tomadas para uma rigorosa vigia de produtos extraídos da colônia. As estradas que ligavam o interior ao litoral foram proibidas de circulação e fechadas, foram exigidos que fossem feitos os pagamentos dos quintos atrasados gerando desconforto entre os colonos.
A pouco tempo as colônias que eram pertencentes à Inglaterra havia se tornado independentes e é nesse ambiente onde os humores se encontram exaltados insatisfeitos que as ideias revolucionárias vão começar a surgir. Os filhos de homens importantes na colônia que estudavam em Universidades europeias regressavam ao Brasil cheios de sentimentos de liberdade e independência contra os governos absolutistas. Com o atraso dos quintos, as taxas aumentavam cada vez mais e como consequência traria problemas financeiros para os mineiros. A economia entrava em conflitos, pois a Coroa portuguesa exigia um pagamento de 100 arrobas de ouro anuais quando a produção mineira não chegava aos 68 anuais entre os anos de 1774 e 1785. Assim as Minas Gerais passaram dever ao 364 arrobas de ouro, a derrama causou um impacto dentro da economia mineira atingindo não só a mineração mas também a população que teve que pagar as dívidas com a Coroa.
Bandeira da conjuração mineira com a
seguinte frase: Libertas quae sera tamen
(Liberdade ainda que seja tardia).  
Por dentro desta crise financeira na qual a sociedade mineira se encontrava, vão surgindo movimentos contra as decisões da metrópole. A conjuração mineira foi ganhando adeptos como o advogado e poeta Cláudio Manuel  da Costa, coronéis como Domingos  de Abreu Vieira e Francisco Antônio de Oliveira Lopes, o alferes Joaquim Silva Xavier, mais conhecido como Tiradentes, e outros homens que desempenhavam papéis importantes dentro da sociedade da cidade mineira de Vila Rica. Os planos dos inconfidentes, assim como também eram conhecidos, eram a proclamação das Minas Gerais (São João Del-Rei como capital) da Coroa portuguesa, além de abolir a escravidão e implantar universidades e forte comércio, porém os planos chegaram ao conhecimento do governador através de José Silvério do Rei, português, pertencente ao movimento dos inconfidentes que por fim traiu seus colegas de movimento.
 Tiradentes foi preso na cidade do Rio de Janeiro, na qual havia ido para garantir apoio a causa mineira, seus outros colegas também fora detidos em Vila Rica onde começaram a ser interrogados, tal processo para obter informações foi chamado de ''devassa''. Tiradentes só revelou os planos da conjuração após sete meses de prisão, que resultou na condenação com a pena de morte para ele e seus colegas: Alvarenga, Freire de Andrade, Maciel, Abreu Viera, Vaz de Toledo, Oliveira Lopes à pena de morte por enforcamento, os demais foram penalizados com o degredo para a África.

Martírio de Tiradentes, óleo sobre tela de
Francisco Aurélio de Figueiredo e Melo.
 A influência de Tiradentes na ideologia revolucionária tornou-se forte, sua execução foi marcada para o dia 21 de Abril de 1792. A praça a Lampadosa estava lotada, onde a população pôde ver o alferes subir os degraus do cadafalso, despido, pedindo-lhe ao carrasco para que a execução fosse rápida, e após ouvir a oração do credo, o inconfidente foi executado. Morria um traidor da Coroa e nascia um mártir para a ideologia republicana. Após a morte, Tiradentes foi esquartejado, sua descendência declarada impura, sua casa demolida e sal fora jogado no solo para que nem ali as plantas nascessem. O inconfidente poderia ter morrido, mas os ideais estavam apenas começando a surgir. A figura de Tiradentes irá voltar a ser forte quando em 1889 é Proclamado a República, mas isso será visto adiante.

FONTE BIBLIOGRÁFICA:
MAIOR, A. Souto. História do Brasil. Companhia editora nacional,São Paulo, ed 7ª, 1969.
MAXWELL, Kenneth. A Devassa da Devassa: A Inconfidência Mineira, Brasil - Portugal, 1750-1808. (1ª ed., 1973). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985.

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